Monday, January 26, 2009

Avé Burocracia!

O enfermeiro que cai e se magoa (felizmente sem gravidade) no desempenho das suas funções e sem que tivesse desrespeitado nenhuma regra de segurança que conduzisse ao acidente tem que:

- Mostrar o cartão de utente no secretariado da urgência onde se apresenta depois de terminado o seu turno, mesmo tendo ficha na instituição e dado todos os dados e mais alguns aquando da contratação;
- Perder meio dia de folga no serviço de saúde ocupacional da instituição a preencher impressos;
- Correr atrás da médica que a atendeu na madrugada da véspera (e que se desconhece em que serviço trabalha ou se sequer trabalha na instituição ou vai lá apenas fazer bancos) para que a mesma preencha e assine um impresso, mesmo quando o registo do episódio de urgência está feito de forma completa no sistema informático, incluindo o motivo de recorrência, os sintomas, os exames pedidos e realizados e a terapêutica prescrita;
- E ter paciência para cumprir todos estes requisitos, sob pena de não ficar com o registo de "acidente de serviço" (não tendo direito à assistência respectiva em caso de complicação posterior) e de pagar à instituição todos os custos inerentes.

Serve recordar que a queda foi acidental, sem qualquer culpa do enfermeiro, que se encontrava a trabalhar para a instituição e que, até agora, só teve como ganhos deste processo dor, incómodo e perda de tempo livre e descanso?! Não. É o sistema, dizem.

Thursday, January 22, 2009

By Gavin Rossdale

A thousand times I've seen you standing Gravity like lunar landing You make me want to run till' I find you I shut the world away from here I drift to you, you're all I hear As everything we know fades to black Half the time the world is ending Truth is I am done pretending I never thought that I Had anymore to give You're pushing me so far Here I am without you Drink to all that we have lost Mistakes we have made Everything will change But love remains the same I find a place where we escape Take you with me for the space The city buzz sounds just like a fridge I walk the streets through seven bars I have to find just where you are The faces seem to blur They're all the same Half the time the world is ending Truth is I am done pretending I never thought that I Had anymore to give You're pushing me so far Here I am without you Drink to all that we have lost Mistakes we have made Everything will change But love remains the same So much more to say So much to be done Don't you trick me out We shall overcome It's all left still to play We should've had the sun Could have been inside Instead we're over here Half the time the world is ending Truth is I am done pretending Too much time too long defending You and I are done pretending I never thought that I Had anymore to give You're pushing me so far Here I am without you Drink to all that we have lost Mistakes we have made Everything will change Everything will change I, oh I, I wish this could last forever I, oh I, As if we could last forever Love remains the same Love remains the same.

Wednesday, January 21, 2009

A dor

"No nosso coração, afectos, esperança, ilusão, apertavam-se, davam espaço, para que a dor, no meio, se aconchegasse, ombro a ombro, no mesmo plano, com o mesmo valor. Para o chão atirávamos a esperança, de seguida varríamos a poeira da fé. Às vezes estava tão cansado, tão cansado... (...)
A dor comia bocadinhos de nós. Partes de mim deixaram de existir. A certeza que fica é que para a vida valer a pena é necessário amar e ser amado, e ter muito cuidado com o cristal de que os outros são feitos. Os outros sim, que nós somos de aço. Excepto, claro, quando choramos."

Sinto Muito, Nuno Lobo Antunes

Sinto Muito

Terminei hoje de ler um livro de Nuno Lobo Antunes, um conjunto de crónicas, confissões e retalhos da sua experiência enquanto Neurologista e Pediatra e, sobretudo enquanto homem que vê o mundo através dos olhos de médico.
Gostei do livro, acima de tudo pela humanidade das reflexões que o autor faz e as quais se resumem de forma perfeita no título Sinto Muito.
Sentir implica colocarmo-nos no lugar do outro, calçarmos os seus sapatos, despirmos a nossa bata e deixarmos transparecer a nós próprios o que a maior parte do tempo deixamos repousar latente sob a pele: sentimentos, sons, dores, palavras, lágrimas, cheiros... propriedades que nos impedem de nos tornarmos indiferentes e que nos aproximam das pessoas de quem cuidamos.
Também eu sinto muito, muitas coisas, muitas vezes, muitas horas dos meus dias... e quero continuar a sentir, sob pena de perder quem sou.

Friday, January 16, 2009

A frase da semana

"Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde acabam."

Escandalosa. Infeliz. Vergonhosa. Ridícula.
Esta afirmação foi proferida por D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa. Um alto representante da igreja católica demonstra tamanha intolerância religiosa que lança mais uma pá cheia de lama sobre o meu respeito pela instituição que, ao invés de honrar os princípios do amor, igualdade, tolerância e fraternidade, apela à desunião.
Porque é que as nossas igrejas estão vazias? Porque ninguém encontra Deus nestes "sermões".

Friday, January 2, 2009

Resoluções de ano novo... ou não

O início de um novo ano é sempre altura de pedir desejos e enumerar resoluções que, na maioria dos casos, as pessoas acabam por nem fazer muita questão de cumprir. Pegando no ridículo da questão, Bruno Nogueira assina hoje no DN uma verdadeira caricatura de fabulosas dicas para viver melhor em 2009. Chorei a rir ao lê-las, pelo que resolvi partilhar:

"Não fazer promessas para o ano que vem é logo à partida a melhor maneira de encetar o ano que vem.
Mentir é feio, especialmente em cima de uma cadeira com a boca atestada de passas.
Nesse caso é só deprimente.
Por isso, comece os doze meses que se avizinham da melhor maneira, com os desejos possíveis de acordo com o indicador de bateria que lhe aparece na força de vontade.
Aponte:

Engordar.
Mas engordar com tudo o que pareça um ataque cardíaco servido num prato.
E acompanhar as refeições com um copo de óleo Fula fresquinho.
Fumar mais. E melhor.
Fazer o mínimo de desporto possível.
Ou menos ainda.
Não visitar os amigos que insiste em anestesiar com um: "temos de combinar um jantar pá!"
Se esse jantar não aconteceu em 2008 tem tudo para não acontecer em 2009.
Não dar mais atenção aos filhos.
Eles entretêm-se bem com o Canal Panda.
Lembre-se que o próprio animador que está dentro do fato do Panda já perdeu vinte quilos por estar num fato que nunca foi pensado para se usar em todas as estações do ano. Desmaia de quinze em quinze minutos, numa média cada vez mais apurada. Não o vamos deixar agora perder o ritmo.
Ser mais nervoso no dia a dia.
Se possível conduzir a cento e noventa nas localidades e puxar o travão de mão já em cima das passadeiras, a roçar com o pára-choques na bengala de um idoso, só para mostrar quem manda.
Conduzir sempre, mas sempre na faixa da esquerda.
A da direita é para meninos e você não gastou o pib do Ruanda num carro para marcar passo na auto-estrada.
Buzinar (muito) mal desconfie que o sinal vai ficar verde.
Não perde nada em prender um palito na buzina durante todo o vermelho.
Gastar as poupanças todas, e pedir entre três a cinco empréstimos ao banco.
É tempo deles.
A crise não passa de um boato, criado numa qualquer revista cor-de-nada.
Não ir ao médico ver aquele sinal que cresceu dez centímetros nos últimos vinte minutos.
Deve ser só uma santola que lhe caiu mal.
A santola é tramada.
Perder tempo a ler artigos encomendados no "Diário de Notícias".
Alguém do outro lado o teve de escrever.

À partida isto bastará.
Se não for há-de ter muitos anos para elaborar diferentes listas.
A não ser que não seja da tal santola."

Pelo menos se não se cumprirem estas resoluções de ano novo, não me parece que se tenha grande peso na consciência... 'Tá bem
visto.