Tuesday, May 29, 2007

O melhor da vida!

Acordar sem despertador... despertar de um sonho bom... ler um livro num qualquer recanto ao Sol do fim de uma tarde de Inverno... o sabor do chocolate... o cheiro da relva acabada de cortar... olhar as cicatrizes das quedas de criança... o toque dos lençóis lavados... receber uma carta ou um postal de alguém de quem se gosta... rever os desenhos animados de que gostava quando era mais pequena... o pôr do Sol... o nascer do Sol... as praias desertas nos finais de Setembro... sentir a areia fina nos pés... sentir o sal do mar na pele e no cabelo... o cheiro do pão acabado de cozer da minha avó... longos banhos de água quente... descobrir formas nas nuvens... ver casais de velhotes a passear de braço dado... o toque da pele fria do nariz dos cães... banhos de mangueira no quintal... revisitar caixas de papelão cheias de recordações... brincos compridos... concertos... olhar nos olhos de quem amo... sentir o frio na barriga quando ando na montanha russa... o toque das teclas do piano... abraços fortes... o cheiro de um livro novo... o primeiro dia de aulas de sempre... colher flores num jardim... ver barcos no horizonte... o sabor das lágrimas de saudade... a memória de sorrisos... fogo de artifício... a sensação de liberdade após uma corrida... receber um elogio que não se espera... a azáfama na cozinha nas vésperas de Natal... aprender algo novo... sentir o poder da música... o som das gargalhadas... aquele silêncio bom, quando não são precisas palavras... álbuns de fotos... a sensação de alma lavada depois de chorar... escorregar na palha... arrepios... conseguir alcançar algo que se desejou muito... ser útil a alguém... o toque do pêlo da minha gata... andar de baloiço... rir até doer a barriga e as bochechas... caminhar sem destino... apanhar conchas... rever amigos... viajar... descobrir dinheiro dentro de uma mala ou de um bolso... beijar... reler um livro de que gostei muito... bigodes de leite... ouvir milhares de pessoas a cantar "one" e não conseguir evitar chorar... noites de Verão... noites de lua cheia... bikinis... ramos de margaridas... aplausos... velas... andar de chinelos...comer pizza... comprar rifas daquelas enroladinhas... estar à lareira nas tardes frias de Inverno... comemorar vitórias do Benfica e da selecção... fazer compras... ver horas de episódios da minha serie favorita... estrear uma peça de roupa nova... molduras... comer pipocas... pintar as unhas... namorar... ver a chuva através da janela... tirar fotografias... apaixonar-me... receber o ordenado... andar de eléctrico... fazer anos... a cor azul... comer fruta de Verão... sentir-me bonita... balões... a minha mãe e o meu pai... beber sumo de laranja natural... estar de férias... saltos altos... conduzir a caminho de casa... ir ao cinema... mascarar-me no carnaval... animais bebés... estrelas do mar... fazer biscoitos de limão... comer biscoitos de limão... fotos a preto e branco... chegar a casa ao fim do dia... festas... amizades que sobrevivem à distância e aos desencontros... sentir que fiz bem o meu trabalho... ir aos bailaricos dos santos populares... fazer planos... passear por Lisboa... cantar... não ter nada para fazer... escrever... dunas... apenas viver!

Feira do Livro

Já começou a feira do livro!
Que ritual tão saboroso...
São os dias do ano em que todos percorrem o parque em busca de algo em especial ou simplesmente à aventura, tendo o prazer de ver reunidos todos os livros, de todos os tipos, para todos os gostos...
É por isso que atrái todo o tipo de pessoas. Do mais intelectual dos leitores à mais ingénua das crianças que anseia por um bonito livro de contos, passando pelo estudante que, sempre com a carteira nas lonas, tenta encontrar aquele livro técnico que lhe faz falta a um preço mais em conta... Esta mistura de gente no meio da mistura de livros é outro dos encantos da feira!
E é tão bom ler! Os livros fazem-nos companhia, levam-nos a lugares distantes, ensinam-nos e dão-nos que pensar, fazem-nos rir e chorar... Quem dera todos pudessem apreciar o prazer de ler um bom livro!

Borlas

Mas que raio têm as pessoas com as borlas?! Parece que lhes despertam um lado animal!
É claro que é muito agradável ganhar algo... um brinde, um presente, um prémio... mas não é motivo para se perder a calma nem a razão! Ah e tal é de graça? Pois é vê-los a empurrar, acotovelar, pisar... Vale tudo!
E desengane-se quem pensa que estas coisas só acontecem em ambientes populares! Acontecem em plena Lisboa, em ambientes "selectos" como hotéis e salas de conferência, em congressos onde senhores enfermeiros, médicos e farmacêuticos se atropelam por uma caneta, um bloco de notas ou um porta-chaves de um laboratório qualquer.
Mas não fica por aqui! Pior é mesmo vê-los a comer! Coffee-break, almoço? Não importa! O objectivo parece mesmo ser o de varrer tudo no mais curto espaço de tempo... e conseguem! Em meia dúzia de minutos as mesas estao completamente limpas.
E pelos corredores, qual é o principal tema de conversa? As declarações dos prelectores, os temas debatidos? Nem pensar! Pois é a comida... que estava tão boa ou tão fraquinha...
Essa parece ser a principal motivação e o principal indicador de sucesso... porque é de borla, já se vê!

Wednesday, May 23, 2007

A gente vai continuar


"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar"

Desabafo...

Há dias em que chego a casa muito cansada... quer dizer, quase todos os dias saio do trabalho muito cansada! É um trabalho exigente, física e psicologicamente... mas há dias em que sinto que supero os meus limites.
Acho que quem passa à porta daquele serviço, velhinho, com a cara por lavar, não tem ideia do que lá vai dentro. Temos tão pouco... Fazemos tanto... Podíamos fazer tanto mais... tão melhor...
E é isso que frustra! Não é a quantidade de solicitações, não é a abundância de trabalho, é a escassez de recursos! Somos poucos, temos pouco espaço, temos pouco material, às vezes não temos mesmo material... Mas o hospital tem relva nova e os lugares de estacionamento delimitados de fresco, a tinta branca... Irónico, não?
Às vezes dá vontade de gritar... outras de chorar... não raras vezes de fugir! (lol) Mas é impossível não ficar.
Custa! Custa porque eu visto a farda como quem "veste a camisola". Porque eu suo. Porque eu ando km por turno. Porque eu abdico do meu tempo de pausa. Porque eu me limito a engolir (literalmente!) qualquer coisa ao almoço. Porque eu saio sempre fora de horas.
Não por dinheiro, não com vista à progressão na carreira... apenas porque trabalho com e para pessoas! Pessoas que precisam de cuidados e que são completamente alheias a todas as carências que o serviço possa ter, embora sofram necessariamente com elas.
Pessoas, não números. Pessoas, não papéis!

Uma história...

Ela tem mais de 90 anos, ele mais de 70... Foram ambos deixados numa urgência hospitalar. Sem morada, sem telefone, sem o nome de alguém de referência. Estiveram lá alguns dias até a sua presença se tornar insustentável naquele serviço. Foram transferidos para enfermarias. São mãe e filho. Ela anda, é praticamente auto-suficiente, sabe o que diz. Ele está acamado, confuso, agitado, imobilizado. Alguém a leva a visitar o filho. Ele não a reconhece. Ela chora, ajeita-lhe ternamente a dobra do lençol e beija-lhe a face, como se ele fosse ainda a criança de quem ela pôde cuidar em tempos. Mãe e filho são mais tarde transferidos para um lar de terceira idade.

Que vida é esta, a dos nossos idosos? Que dignidade para eles? Outrora filhos, hoje pais e avós... ou apenas solitários. Muitas vezes, tudo ao mesmo tempo...


"Parado e atento à raiva do silêncio

De um relógio partido e gasto pelo tempo

Estava um velho sentado no banco de um jardim

A recordar fragmentos do passado


Na telefonia tocava uma velha canção

E um jovem cantor falava na solidão

Que sabes tu do canto de estar só assim

Só e abandonado como o velho do jardim?


O olhar triste e cansado procurando alguém

E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim


Passam os dias e sentes que és um perdedor

Já não consegues saber o que tem ou não valor

O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim

Para dares lugar a outro no teu banco do jardim


O olhar triste e cansado procurando alguém

E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um resto de tudo o que existiu

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim" (Velho, Mafalda Veiga)

19 Maio 2007



É hoje a benção das fitas na alameda da universidade.

Há um ano foi a minha vez! Trajes negros sob o Sol abrasador, pastas cheias de fitas coloridas agitadas no ar, chuva de papelinhos brilhantes... Palmas, abraços, sorrisos e lágrimas, orgulho e esperança, algum medo dos próximos passos...

Passou um ano. Passou um ano?! Passou um ano...

Foi um ano especial, um bom ano. Mas é impossível olhar para trás sem sentir saudades dos quatro que o antecederam.

O espírito académico é realmente algo que marca! As praxes sofridas... a primeira noite trajada na serenata... as serenatas que se seguiram... a recepção aos "nossos" caloiros... os jantares... as festas... os festivais académicos... as idas à queima de Coimbra... as fotos do último dia de aulas... a benção na alameda... a Aula Magna cheia para ver os novos enfermeiros... Está tudo cá dentro! Vivido, aproveitado, gozado até ao fim! E ainda bem!

Foram alguns dos momentos que criaram e consolidaram amizades, que permitiram manter o equilíbrio entre estágios, trabalhos e frequências, e que (também) compõem a "vida de estudante".

Porque todos podemos tirar um curso superior. Mas só quem é praxado e baptizado, quem traja, praxa e baptiza, quem benze e queima as fitas é que sabe o que é andar na faculdade!

So it begins

Ora aqui está então o meu blog!
E o que tenho eu para dizer ao mundo? Nada de jeito, pelo menos a maior parte do tempo!
Mas volta e meia passo umas ideias para o papel e esta é uma forma de as tirar da gaveta... São só pensamentos, comentários... de ontem e de hoje... sobre tudo e sobre nada... Post-it's que resolvi colar aqui!