Monday, August 5, 2013

Monday, July 22, 2013

Brevemente...

Há muitos motivos que me fazem não gostar de trabalhar ao fim de semana. Alguns bastante óbvios, outros se calhar mais pessoais. Mas não é deles que quero falar.
Também há coisas boas em trabalhar ao fim de semana. Uma delas é o prazer e privilégio de presenciar maravilhas que não acontecem (ou que não são tão visíveis) no bate-escova-aspira de segunda a sexta-feira. 
Assistir à genuída amizade que se desenvolveu entre aqueles companheiros de enfermaria comoveu-me. Os três tão diferentes, desde a origem à idade. Os três tão iguais, entre si, entre nós. Um tem 88, outro 76 e outro 54 anos. Este último até os levou a conhecer o claustro. Uma ternura e uma paciência infinitas, um respeito pela velhice como já se vê muito pouco. Mas como não respeitar e adorar aqueles dois, o seu passo lento, com o seu sorriso fácil, o seu olhar doce quando falam das esposas com quem são casados há mais de 50 anos, as suas histórias que partilham com tanto entusiasmo?
Hoje provavelmente terão alta. Mas ontem vieram ter comigo, quando me viram desfardada, para se despedirem. Comove-me recordar as suas palavras de agradecimento e o seu longo aperto de mão. "Não podemos levá-la connosco", disseram... E isto pode soar à maior treta de sempre, mas a verdade é que eu é que os levo comigo, bem juntinho ao coração, para me lembrar que afinal isto que insisto em andar aqui a fazer vale a pena.

Monday, July 15, 2013

(mais ou menos) Viva

As passagens por aqui têm sido muito raras e espaçadas e tenho pena, porque gosto de escrever e porque sei que são pouquinhos mas são dos bons os leitores que me espreitam de vez em quando.
Tem havido muito que fazer, mas a cabeça continua a borbulhar com posts que ficaram por escrever, histórias giras por contar, fotos que não foram partilhadas e, quem sabe, novos projectos para perseguir numa altura um pouco mais calminha da vida, mas que se constroem já aos poucos entre a confusão dos dias.
Durmo menos do que gostaria, estou a aguentar uma data de bolas no ar e claramente não tenho jeito para malabarismos mas... quis só passar para dizer que estou (mais ou menos) viva; apenas dedicada a outra escrita por estes dias.

Thursday, March 28, 2013

M.

Nunca fui rapariga de grande instinto maternal e muitas vezes senti que me faltava o jeito para a interacção com crianças, inicialmente demasiado pequenas e frágeis, depois com uma serie de variações, entre tímidas ou assustadas e hiperactivas ou birrentas. Continuo a achar que não estou ainda preparada para a maternidade, mas apesar disso a M. tem trazido toda uma nova perspectiva.
Se entrou na vida do pai e da mãe com a intensidade da rabanada de vento que tudo vira, entrou na minha com a alegria das surpresas boas e a docura da brisa de Verão. É fascinante vê-la crescer, cada semana maior e mais gorducha, a interagir mais e a descobrir o mundo. Os olhos sempre muito abertos, de curiosidade e de espanto, com aquele interesse genuíno de quem está a ver tudo pela primeira vez...
Às vezes dou comigo a pensar que a vida é realmente um milagre, que aquele ser pequenino que habitou a barriga da J. cresceu e, se ainda há 2 meses e pouco mal abria os olhos, quando dermos por isso vai estar a entrar para a escola e a perguntar de onde vêm afinal os bebés.
Enquanto isso, derrete toda a gente com os seus sorrisos, os seus bocejos, as suas poses a dormir... E inunda-me de ternura e de esperança ver esta nova família, que me acolhe em si ao tornar-me madrinha desta criança. A honra traz consigo uma enorme responsabilidade, mas também muito entusiasmo. Quero estar por perto, vê-la crescer, identificar os traços da mãe e do pai, descobrir o que será seu e a tornará única e ainda mais especial, contar-lhe as aventuras "de quando éramos novos" (que para nós terá sido há 2 dias e para ela parecerá sempre uma eternidade), levá-la a lugares, ensinar-lhe alguma coisa... Não sei muito bem qual será o meu estatuto, se de amiga da mãe, se de tia chata, se de amiga mais velha. O tempo e a M. mo mostrarão. Mas se há algo que tenho por certo é que esta meia-dose de gente, só por existir, já ocupa um daqueles pequenos apartamentos do cantinho do coração, reservados apenas aos hóspedes do amor incondicional.


Monday, March 18, 2013

O vídeo é uma treta

Mas este ritmo faz-me sentir que tenho 16 anos!

Tuesday, March 12, 2013

Nunca fui capaz de te negar

Mas tenho sempre muitas dúvidas sobre ti.
Ah, e desculpa desde já não te referir em maiúsculas, mas é minha convicção que, se fores verdadeiramente quem dizem que és, não estarás minimamente preocupado com semântica, gramática ou ortografia. Serás amor e não castigo; serás generosidade e nunca rancor; serás igualdade e por isso não deixarás de me ouvir apesar das minhas assumidas dúvidas, das nossas divergências de opinião, ou da forma como te escrevo.
É por isso que tenho falado muito contigo, ultimamente. Pela segunda vez nesta minha ainda curta vida caio de joelhos a implorar-te que existas, que estejas mesmo aí, algures, um pouco por todo o lado...
Se assim for, ouves-me, não é? Então não olhes para mim e para as minhas faltas porque não é por mim que te peço. Ajuda-a, por favor.

Monday, February 25, 2013

A arte da relativização

Tive no outro dia à minha frente um senhor que dissertou sobre a tragédia que é ter necessidade de usar óculos para ver ao perto. Aquilo custou-me. Ouvi todo o seu lamento, respirei fundo, engoli o amargo de profundo egoísmo a que aquilo me soou, expliquei-lhe que se trata de uma dificuldade esperada na sua faixa etária e porquê... Mas não resisti a acrescentar que - calma aí! - tragédia?! Tragédia é outra coisa!
E podia ter acrescentado: Quer que lhe fale um bocadinho sobre isso? Mas achei que não valia a pena...