Thursday, August 16, 2007

Como se tu fosses eu

Recordo hoje o dia em que "chegaste com três vinténs e o ar de quem não tem muito mais a perder". Esse olhar que me prendeu desde o primeiro dia (ok, do segundo), esse toque de qualquer coisa que fascina, que cativa, que dá vontade de continuar a procurar a sua origem e o seu segredo, embora a parte melhor seja esta em que tento desvendar tudo sobre esse teu mundo com a certeza de que nunca vou conseguir conhecê-lo por inteiro. E ainda bem que assim é.
Os teus "lábios de silêncio", o "paraíso no teu olhar", a tua "cara de anjo mau", fazem-me acreditar que "a gente vai continuar"...
Então "encosta-te a mim", porque ainda não vivemos 100 mil anos mas eu sinto-me capaz disso, porque "és a minha maçã de Junho" em todas as épocas do ano e porque, mesmo nos teus acessos de lobo malvado, "és bem vindo, amor".
(9 Agosto 2007)

Tuesday, August 7, 2007

Arrumar gavetas

Arrumar gavetas é daquelas actividades quase impossível de qualificar, à qual só me dedico mesmo em três situações: 1) quando não dá para ignorar mais e, no meu limite, decido que "tem que ser" e ponho fim ao caos; 2) quando tenho algo que não me apetece mesmo nada fazer e arrumar gavetas (imagine-se!) serve de fuga e surge como algo inevitável e inadiável; 3) quando não tenho absolutamente nada que fazer e me dá para aí.
Foi esse o caso de hoje e, inexplicavelmente, acabou por me trazer uma enorme nostalgia.
Resolvi arrumar gavetas e caixas de recordações, cheias de pequenos nadas que fui acumulando ao longo dos anos... Bilhetinhos daqueles que se mandam nas aulas, fotografias, cancioneiros de campos de férias, cartões antigos, bilhetes de cinema e espectáculos, medalhas, agendas velhas, presentinhos, cadernos com letras de músicas, notas e pensamentos, flores secas, dedicatórias, convites...
A minha história, os meus encontros e desencontros estão ali descritos, expostos, arquivados. Mas vivos. Vivos dentro daquelas gavetas fechadas e, descobri, vivos também em mim, gravados algures debaixo da pele, ainda que disfarçados e tantas vezes esquecidos na correria do presente e entre os projectos do futuro.
Desisti de arrumar ou fazer qualquer selecção de objectos. Limitei-me a recolocar tudo nos seus devidos lugares, como se de repente tivesse medo de deitar fora alguma parte de mim. Revisitei a minha vida. Revisitei-me a mim própria. E isso fez-me muito bem.
Acabei de fechar a última gaveta e senti-me uma verdadeira pirata a fechar a gruta onde escondeu o seu tesouro, na certeza de que ali ninguém mais o encontrará.

Palavras

A palavra é talvez das mais mortíferas armas que o Homem criou, mas é ao mesmo tempo a melhor aliada da paz.
Porque falamos demais e porque às vezes deixamos muito por dizer, mas também porque guardamos cá dentro as palavras, boas ou más, que mais nos marcaram, aqui fica a letra de uma música que diz tudo...

"Quando as palavras se murmuram
Não passam de segredos que se sussurram.
Há palavras que se usam como armas,
Palavras que disparam como balas.

E de tantas as palavras,
É difícil escolher
A palavra certa para te dizer
E te fazer entender.

Palavras cruzadas, palavras trocadas,
Palavras por palavras, doces e amargas.
Há palavras que se usam sem intenção
E às vezes as palavras fogem-nos dos mão.

A palavra é armadilha,
A palavra é compromisso,
A palavra é comando e feitiço.

Há palavras a lembrar
E há palavras a esquecer,
Há palavras que nem chegam a nascer:
Palavras por dizer."