Wednesday, February 27, 2008

A Sombra do Vento

Sombra do vento, calafrio do Sol,
anjo marítimo que naufragas entre nuvens de pó,
desce a tua mão sbre estas páginas.
Enterra-as, esconde-as.
Guarda-as como a um tesouro
e deixa-me revisitá-las apenas por momentos.
Perder-me no espaço e no tempo
para me reencontrar nas suas palavras,
espelho de muito que há em mim.
Elas me alvoroçaram o coração em noites em claro
apenas para me verem amanhecer
como se de um sonho se tivesse tratado.
"Porque há prisões piores que as palavras"...

Wednesday, February 13, 2008

Canções de amor

Amanhã é dia dos namorados. Por todo o lado os coraçõezinhos pirosos, os anúncios, as promoções a condizer... É um dia criado pela sociedade consumista, mas ainda assim é um dia que vale como significativo para a maioria dos casais que, à sua maneira, o comemora.
Da minha parte, vai ser um dia dos namorados algo solitário, passado a trabalhar, apenas com direito a alguns mimos telefónicos... Mas há uma campanha a que não fico indiferente: a inicitiva da Mega FM de eleger as músicas mais lamechas de sempre, segundo a votação dos ouvintes.
Dei comigo a pensar que realmente, como muitos outros aspectos e momentos da vida, o amor é extremamente propício a músicas de fundo, além de inspirar desde o princípio dos tempos os escritores e compositores.
E qual é, para mim, a música mais apaixonada de sempre? Não sei bem.
De entre as muitas músicas que constituem a banda sonora da minha curta vida, há várias... Porque marcaram momentos, amores e desamores, porque parecem reproduzir exactamente o que me vai na alma ou simplesmente porque me tocam de alguma forma inexplicável...
Lembro-me, por exemplo, de em adolescente achar que a música She, do Elvis Costello, era a maior declaração de amor que alguma vez alguém poderia sonhar ouvir. E realmente continuo a achar que é uma música especial. Assim como Your Song, do Elthon John, ou Good bye my lover, do James Blunt, Cada Lugar teu, da Mafalda Veiga, Come back, dos Pearl Jam, Love of my life, de Santana & Dave Matthews, Can't take my eyes off of you, na versão da Lauryn Hill, O meu amor existe e tantas outras do Jorge Palma, que teima em cantar pedaços do mais fundo que há em mim...
Mas a que talvez mais universalmente posso identificar como A canção de amor, é a velhinha Unchaimed Melody, que parece sempre saída de uma juke box e que, por mais anos que passem e versões que criem, continua a arrepiar-me logo aos primeiros acordes...
Oh my love, my darling
I've hungered for your touch
A long lonely time
Time goes by so slowly
and time can do so much
Are you still mine?
I need your love
I need your love
God speed your love to me
Lonely rivers flow to the sea
To the sea
To the open arms of the sea
Lonely rivers sigh "Wait for me"
Wait for me
I'll be coming home
Wait for me
Oh my love, my darling
I've hungered,
Hungered for your touch
A long lonely time
And time goes by so slowly
And time can do so much
Are you still mine?
I need your love, I,
I need your love
God speed your love to me
Se esta não é uma música de amor... qual será?

Thursday, February 7, 2008

A partida dói. Doem os últimos momentos, é difícil concentrar-me e ajudar-te a tratar dos últimos preparativos. O último abraço queima, o último beijo tem um sabor triste. Dói virar finalmente as costas, segurar a vontade de olhar para trás e conter as lágrimas que tornam os olhos mais brilhantes enquanto atravesso o aeroporto até ao carro. É angústia, é um vazio que preenche o peito, aperta o estômago, asfixia.
Resta voltar para casa, retomar a vida do ponto onde ela ficou e contar os dias. Resta conviver a cada dia com a saudade.
E é só ao avistar Alcácer, sozinha na estrada escura, ao aperceber-me do quão estrelado está hoje o céu por onde voas para o outro lado do mundo, que tudo o que trago cá dentro desaba finalmente.
Volta depressa...