Monday, October 26, 2009

Saturday, October 24, 2009

Novo anúncio Pingo Doce

Tenho sentido solidariedade quando comento o quão irritante é este anúncio, que caiu na rádio e televisão qual praga de gafanhotos. E fiquei satisfeita ao ver que o Bruno Nogueira também é sensível a esta problemática ;)

Wednesday, October 21, 2009

Para a F.

Esta noite a cama 10 tinha uma nova ocupante. Ao fim de 3 meses. E pensei em ti... em como estarias a passar a noite na tua nova casa.
Passam muitas pessoas por aquelas camas, pelas nossas mãos... mas há sempre algumas que marcam, pelas mais variadas razões. Nem sempre o seu final é o mais feliz, pelo que as recordações são muitas vezes revisitadas com uma pontinha de angústia ou tristeza. Outras vezes arrancam gargalhadas as memórias de histórias absolutamente hilariantes que pautam os turnos de quem trabalha com uma população muito idosa, muitas vezes desorientada e agitada, e quase sempre com hábitos e crenças de um tempo muito distante da nossa juventude e pretensa cientificidade.
Mas tu, F., marcaste-me principalmente porque, perante um (quase) final, renasceste para agarrar com toda a força a nova oportunidade que a vida te deu.
Chegaste com um diagnóstico de caso social, apenas. Desorientada, agitada, revoltada. Trazias contigo um rol de histórias de miséria humana, escurecidas por antecedentes de alcoolismo, conflitos familiares, má fortuna e desespero, que foste deixando conhecer aos poucos, à medida que foste voltando a ter consciência de ti e começando a confiar nos outros. Com o tempo, a descoberta de um diagnóstico médico importante, que necessitou de investimento, tempo e cuidados diferenciados para resolver. 3 meses passados e muitos laços criados com uma equipa que, ora risonha, ora furiosa, se rendeu ao teu encanto, feito de espontaneidade e genuinidade.
Recordo uma manhã de domingo em que tive que te imobilizar porque teimavas em te levantar e querer ir ao banco, repuxando constantemente os fios da alimentação parentérica no teu frágil catéter central... Lembro-me de te ver tremer com 39º que não cediam ao anti-pirético e me passar pela mente se, depois de tudo, sobreviverias... De pousares para as fotos orgulhosa da tua sonda nasogástrica... Das tuas unhas pintadas, das tuas piadas, das tuas botas de cano alto... De me confessares que quando saísses, se te sentisses naufragar, saberias que ali terias sempre a quem recorrer...
Não sei quando começámos a tratar-te por tu. Sei apenas que é algo extremamente raro, mas que contigo faz todo o sentido.
Ontem saíste carregada de sacos de compras e presentes, mas de lágrimas nos olhos. Prometeste voltar na 5.ª feira, voltar todas as semanas, a visitar os amigos que ali fizeste. Prometi que te vou visitar e tenciono sinceramente cumpri-lo.
Estarás sempre connosco, com cada um e com todos, enquanto equipa. Não só como um sucesso do nosso trabalho, mas como alguém que entrou nas nossas vidas e não saiu só porque teve alta.
O teu agradecimento é sincero. Sente-se no teu abraço, lê-se nas palavras simples que escreveste e nós orgulhosamente afixámos na nossa sala de trabalho. Tiveste, sem dúvida, a segunda oportunidade que muitos pedem à vida e tão poucos conseguem. Mas a nossa maior recompensa será ver que a sabes aproveitar.
Até sempre, querida F.

Friday, October 16, 2009

Lisboa. Fim de tarde. Beira rio.

Já não és a cidade que estranha e sufoca. A tua luz ensina a amar, até que as gaivotas do Tejo falem a mesma língua das gaivotas do meu mar.