Monday, September 1, 2008

Meu querido mês de Agosto

És verão e festas, és corpo estendido na areia e água fria, és praia e roupa fresca. És o entusiasmo da viagem e a preguiça de estar em casa, os planos que ficam sempre pela metade porque só se faz o que realmente apetece. És pôr do Sol e estrela do mar, és chinelo de enfiar no dedo e gelado de morango, sardas na cara e tardes de esplanada.
E apesar deste ano me teres dado muitas manhãs de nevoeiro e noites de ventania, é por tudo o que representas que é tão fácil perdoar-te e tão difícil parar de sonhar com o teu regresso no próximo ano.
Setembro já chegou com o seu ar morno... o despertador já toca denovo a horas indecentes... e a mim só me resta fechar definitivamente a gaveta dos bikinis.
Adeus, meu querido mês de Agosto, e até para o ano!
Uma tarde de Sol, um regresso a casa solitário, o vento que entra pela janela aberta e agita os cabelos ao som da canção do momento que se canta a plenos pulmões. Terra batida, poeira, estrada... e num instante a imagem perfeita.
A paisagem dourada da erva seca e ao fundo três velhos pinheiros despenteados que se apoiam mutuamente à medida que o calor e o tempo lhes enrugam e secam os troncos vividos. Por detrás uma réstia do mar que brilha ao espelhar a gigante bola de fogo que começa a escorregar céu a baixo até se esconder completamente por detrás daquela linha sempre misteriosa, onde nascem as ondas e morre o nosso dia.
Dá vontade de parar o carro, tirar uma fotografia... mas há cenários que apetece guardar só para mim, porque não há câmara capaz de captar toda a beleza deste fim de tarde.
(17 Agosto 2008)
O vento sopra e arrefece a noite de Verão, dando vida aos canaviais e remexendo as memórias enterradas na areia da praia agora escura e deserta. É o vento que te sopra o meu nome e leva o meu perfume; é o vento que me beija os lábios e corre a devolver-te o meu sabor. Porque aí, onde estás abrigado, sentes a minha falta e vês o vento atear incontrolavelmente a chama do que um dia sentiste por mim, sob as cinzas em que te transformaste.


(15 Agosto 2008)