Friday, April 25, 2008

So many answers still blowing in the wind...

O novo anúncio da Galp, a propósito da selecção de futebol, tem como banda sonora Paths of Victory e fez-me ter vontade de regressar ao som do Bob Dylan, ouvir denovo algumas músicas daquela sua combinação única: voz, guitarra, harmónica, boas letras... A simplicidade vinda de um universo tão complexo como o do artista e da pessoa que ele é. Aqui fica Blowing in the wind, a minha preferida.

How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes, 'n' how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

Hoje é também o dia em que se comemora a revolução que devolveu a liberdade e a democracia ao nosso país... Talvez esta música tenha tudo a ver com a data passada, mas também com o momento presente e com tantas respostas que o vento nos sussurra e que continuamos sem consegir entender.

Monday, April 7, 2008

E a polémica continua...

Muito se tem falado nas últimas semanas de violência nas escolas, tema trazido à ribalta pelo episódio da Escola Carolina Michaelis. Não deixa de ser curiosa a onda que se gerou em volta deste caso, motivando o debate e mobilizando toda a opinião pública, dividida algures entre os que condenam a aluna e os que condenam a professora. No entanto, não me parecem muitos os que páram para questionar o que significa aquele episódio (bem como outros que têm sido divulgados depois) no contexto actual.
A geração dos meus pais e as anteriores foram educadas em ambientes mais hostis, quer em casa, quer na escola, onde a autoridade do professor era incontestável e os castigos com palmatórias e orelhas de burro ditavam a lei. Quanto à minha geração, penso que tivemos a sorte de viver numa época mais moderada e informada, na qual os conhecimentos de pedagogia e psicologia deram os seus contributos e os castigos físicos eram já raras excepções. Hoje, que temos? Crianças insubordinadas, que não respeitam minimamente a autoridade das pessoas mais velhas, quer sejam pais, avós, professores ou quaisquer outros. A maioria dos nossos adolescentes têm telemóveis desde tenra idade, televisão no quarto, acesso ilimitado à internet; as miúdas vestem-se e produzem-se de modo provocante e passeiam-se nos autocarros às 8 da manhã maquilhadas como para uma sessão fotográfica; os seus maus resultados na escola são desculpados pelos pais com a má qualidade dos professores; reclama-se a toda a hora das exigências do sistema educativo, luta-se para acabar com as provas nacionais e diminuir a um nível insignificante o seu peso na avaliação dos alunos e no seu acesso ao ensino superior; pressionam-se as escolas, os professores para não reprovar os meninos, sob pena deles ficarem "traumatizados"; perdoa-se-lhes a sopa e a fruta às refeições e premeiam-se as birras com brinquedos e jogos violentos, roupas de marca, bolos e guloseimas; criam-se homens e mulheres arrogantes, a quem pouco ou nada dizem valores fundamentais, que não sabem lidar com a frustração e que têm como principal objectivo o protagonismo fácil e sem mérito de aparecer em series de televisão tão vazias de conteúdo como as suas próprias vidas.
Enquanto "no meu tempo" um comportamento como o da aluna do vídeo seria uma excepção, hoje é toda uma turma que assite, apoia, filma e publica o que se passou. Enquanto na minha turma de secundário um professor, melhor ou pior, conseguia manter a ordem na sala de aula, a autoridade desta professora é discutida no confronto físico com a aluna e não através dos órgãos apropriados: direcção de turma, conselho disciplinar... ou será que todas estas formas de organização escolar foram entretanto extintas? E os pais, onde andam e onde pára a sua responsabilidade no meio disto tudo?!
Não, não éramos nenhuns santos. Nem o somos hoje, evidentemente. Resta saber como serão estes jovens, daqui por uns anos.