Monday, August 17, 2009

Abaixo os contos de fadas

Há muito tempo que um ou outro acontecimento me faz revisitar uma (pseudo) decisão antiga: quando tiver uma filha, não lhe vou contar histórias que metam ao barulho príncipes encantados. Recuso-me.
Este tipo de histórias tem condicionado as mentes das pobres miúdas durante gerações. Passamos a adolescência e o início da idade adulta a sonhar com um qualquer romântico montado num cavalo branco (que pode, afinal, ser uma reles bicicleta ou um modesto carro utilitário), que nos resgate do nosso mundo de conto de fadas onde vivemos disfarçadas de mulheres modernas, emancipadas e independentes... até batermos demasiadas vezes com a cabeça e finalmente percebermos (perto dos 30, as mais perspicazes) que não existe semelhante mito.
Talvez se não fossem as histórias infantis - e porventura alguns filmes hollywoodescos também - uma querida amiga minha não estaria a sofrer como está, à espera de gestos e palavras que não chegam, de respostas e certezas que ninguém lhe consegue dar... Enfim, de cenas vistas e imaginadas milhões de vezes mas que, na vida real, tão raramente saem bem antes dos 2 615 749 takes.
Porque não há sequer ensaios, guiões, cenários, terras de fantasia, poções mágicas ou beijos que nos acordem da dor, nos apaguem as mágoas ou façam esquecer o amargo sabor da desilusão.
O meu desejo? (Fortemente condicionado por todos os contos que me foram contados e lidos, bem como por todos os que eu li por livre e espontânea vontade, entenda-se.)
Que, por muitas voltas que a sua história pessoal ainda dê e por mais avanços e recuos que ainda estejam escondidos nas cenas dos próximos capítulos, ela possa apenas encontrar um final feliz...

Sunday, August 16, 2009

Raul Solnado

Não criei nenhum post sobre o desaparecimento do Raul Solnado, aquele que todos os portugueses parecem tratar por "tu" mas que foi um verdadeiro senhor: ecos da sua proximidade com cada um dos que cresceu a vê-lo e a rir com ele.
Continuaria, provavelmente, sem escrever sobre este tema tantos dias passados já sobre o sucedido, mas acontece que hoje me deparei com uma informação à qual não consigo ficar indiferente: a frase que Raul Solnado disse desejar ter como epitáfio.

"Aqui jaz Raul Solnado, muito contra sua vontade."


Tão característico, tão simples, tão grandioso, tão irónico, tão sentido... Dispensa mais comentários.