Tuesday, January 18, 2011

Esmagada

Hoje podia ter sido um dia Bom. Chegou finalmente a estante para a minha sala, estive em casa à tarde e consegui ver-me livre de mais alguns caixotes. Redescobri alguns livros e reencontrei uma serie de (in)utilidades das quais continuo a não conseguir desfazer-me. Ouvi cd's que tinha guardados há demasiado tempo. Dão-me prazer, estas arrumações.
Mas a verdade é que foi um dia com um travo amargo. Os meus pensamentos estiveram sempre longe, onde - precisamente por este fútil compromisso com a tão malfadada entrega da mobília! - não consegui estar hoje... O calduço e o abraço que não consegui entregar ao destinatário. E que expressariam tudo o que sou e que sinto.
Nestas alturas as pessoas também se revelam. Eu, que encontrei em mim a coragem para fazer um telefonema tão delicado e que provavelmente noutro contexto evitaria; o R., que se mostrou tão calmo, tão lúcido, tão genuíno perante a tragédia que se abateu na sua vida. Os pensamentos e as palavras que jamais trocaríamos e que trocámos hoje.
O choque. A dor. O porquê repetido. A ausência de resposta. O silêncio de quem nada pode dizer ou fazer perante os factos. A incompreensão que não pode ser esclarecida, apenas perdoada.
Esta situação que não me larga e me perturba...

No comments: