Sunday, July 22, 2007

Neste infinito fim


Detesto finais!

Detesto quando abro o armário ou o frigorífico e acabou exactamente aquilo de que preciso, ou quando algo de que gostava está esgotado, extinto, terminou. Destesto perder ou estragar objectos que estimo.

Sou das que se afeiçoa às personagens dos livros. Leio as últimas páginas mais devagar, para fazer render e evitar o fim.

Gosto de ficar no escuro da sala de cinema ou enroscada no sofá depois de o filme terminar, a pensar como continuaria a vida dos personagens... porque o "viveram felizes para sempre" é sempre demasiado vago.

Revejo frequentemente os episódios da minha serie favorita para matar as saudades dos personagens, como quem telefona de vez em quando a um amigo que mora longe.

Fico sempre melancólica no final das férias, como hoje, em que apesar de estarmos em Julho sinto que aquela sensação de final de Verão tomar conta de mim: aquele morno entardecer de Setembro que nos lembra que o Inverno vem aí e brevemente dos dias radiosos de praia vão restar apenas lembranças, conchas partidas e alguma areia no fundo do saco.

Mas não há pior final do que aquele que implica a separação, a despedida de alguém que nos é (ou foi) querido. Deixa sempre um amargo na boca, um nó na garganta, um aperto no peito... Só que foram também estes os finais que mais me fizeram crescer, aprender a contornar a saudade, a viver com ela e a levar comigo o que de bom houve antes da despedida, por pior que tenha sido o fim. Para que consiga, também eu, alcançar o meu final feliz e continuar a viver mesmo depois do fecho da cortina, do acender das luzes ou do virar da última página de alguma história triste.


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