Monday, July 22, 2013

Há muitos motivos que me fazem não gostar de trabalhar ao fim de semana. Alguns bastante óbvios, outros se calhar mais pessoais. Mas não é deles que quero falar.
Também há coisas boas em trabalhar ao fim de semana. Uma delas é o prazer e privilégio de presenciar maravilhas que não acontecem (ou que não são tão visíveis) no bate-escova-aspira de segunda a sexta-feira. 
Assistir à genuída amizade que se desenvolveu entre aqueles companheiros de enfermaria comoveu-me. Os três tão diferentes, desde a origem à idade. Os três tão iguais, entre si, entre nós. Um tem 88, outro 76 e outro 54 anos. Este último até os levou a conhecer o claustro. Uma ternura e uma paciência infinitas, um respeito pela velhice como já se vê muito pouco. Mas como não respeitar e adorar aqueles dois, o seu passo lento, com o seu sorriso fácil, o seu olhar doce quando falam das esposas com quem são casados há mais de 50 anos, as suas histórias que partilham com tanto entusiasmo?
Hoje provavelmente terão alta. Mas ontem vieram ter comigo, quando me viram desfardada, para se despedirem. Comove-me recordar as suas palavras de agradecimento e o seu longo aperto de mão. "Não podemos levá-la connosco", disseram... E isto pode soar à maior treta de sempre, mas a verdade é que eu é que os levo comigo, bem juntinho ao coração, para me lembrar que afinal isto que insisto em andar aqui a fazer vale a pena.

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