Thursday, March 28, 2013

M.

Nunca fui rapariga de grande instinto maternal e muitas vezes senti que me faltava o jeito para a interacção com crianças, inicialmente demasiado pequenas e frágeis, depois com uma serie de variações, entre tímidas ou assustadas e hiperactivas ou birrentas. Continuo a achar que não estou ainda preparada para a maternidade, mas apesar disso a M. tem trazido toda uma nova perspectiva.
Se entrou na vida do pai e da mãe com a intensidade da rabanada de vento que tudo vira, entrou na minha com a alegria das surpresas boas e a docura da brisa de Verão. É fascinante vê-la crescer, cada semana maior e mais gorducha, a interagir mais e a descobrir o mundo. Os olhos sempre muito abertos, de curiosidade e de espanto, com aquele interesse genuíno de quem está a ver tudo pela primeira vez...
Às vezes dou comigo a pensar que a vida é realmente um milagre, que aquele ser pequenino que habitou a barriga da J. cresceu e, se ainda há 2 meses e pouco mal abria os olhos, quando dermos por isso vai estar a entrar para a escola e a perguntar de onde vêm afinal os bebés.
Enquanto isso, derrete toda a gente com os seus sorrisos, os seus bocejos, as suas poses a dormir... E inunda-me de ternura e de esperança ver esta nova família, que me acolhe em si ao tornar-me madrinha desta criança. A honra traz consigo uma enorme responsabilidade, mas também muito entusiasmo. Quero estar por perto, vê-la crescer, identificar os traços da mãe e do pai, descobrir o que será seu e a tornará única e ainda mais especial, contar-lhe as aventuras "de quando éramos novos" (que para nós terá sido há 2 dias e para ela parecerá sempre uma eternidade), levá-la a lugares, ensinar-lhe alguma coisa... Não sei muito bem qual será o meu estatuto, se de amiga da mãe, se de tia chata, se de amiga mais velha. O tempo e a M. mo mostrarão. Mas se há algo que tenho por certo é que esta meia-dose de gente, só por existir, já ocupa um daqueles pequenos apartamentos do cantinho do coração, reservados apenas aos hóspedes do amor incondicional.


3 comments:

McGeddes said...

Em nome do pai (e devo dizer, à laia de piadinha, que esta introdução é o mais próximo de rezar que me vais ver...), fico muito contente e orgulhoso por esta meia-leca conseguir desencadear todos esses sentimentos na madrinha.
E é que a miúda nem precisa de se esforçar muito para ser uma coisa fofa, raça da gaiata.

Da nossa parte -e aqui falo seguramente também pela mãe, que é substancialmente mais galinha ainda do que eu- estamos muito felizes com a nossa aquisição para 2013 (parece que estou a falar do novo Toyota, mas não é essa a ideia), e com a madrinha e pêras que lhe arranjámos. É uma honra.

PS1: "...rabanada de vento que tudo vira..." é uma descrição adequada, confesso.

PS2: "...traços da mãe e do pai..."? Ora aqui vai um algoritmo ou uma chave dicotómica para te resolver o problema sem dificuldade: Porta-se bem? Sai ao pai. Porta-se mal? Epá, sai à mãe.

PS3: Hmm... Com esse impulso maternal todo, que tal ponderarem a hipótese de um amigo aqui para a meia-leca?

Xbox: E, já que a moça tem esse pequeno apartamento aí guardado, que dizes de o ir habitar... tipo uma semaninha no Outono, enquanto os pais vão laurear a pevide? ;) Hey, não custa tentar...

@na said...

:) A honra é toda minha!

PS2': Espero que não estejas perto da mãe quando ela ler isso!

PS3': Quanto a amiguinhos para aumentar a turma de meia-lecas... há que esperar. Lol

Xbox': Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Desde que a bochechas já n seja maminho-dependente, que a mãe-galinha se sinta preparada e os avós não se importem... I'm in!

mjoão said...

Bem este texto derreteu-me toda.

É muito bom saber que há amigos como vocês com os quais podemos contar.
A Mariana vai precisar de olhar à volta e compreender o bem, as coisas boas, os bons valores. E nos nossos Amigos, e em especial na Madrinha, sabemos que ela vai encontrar tudo isso e muitos miminhos fundamentais...
Obrigado por Tudo!
Um enorme beijinho

PS: Está cada vez mais parecida com o Pedro, até mesmo no mau feitio! :)