Wednesday, June 4, 2008

Avô

Avô (diz, neta), no outro dia sonhei consigo. Fiquei perturbada. Foi tão real que quando acordei e percebi que não tinha passado de um sonho senti tantas saudades...
Às vezes parece que as pessoas se habituam a estar sem as outras, não é? Longe da vista, longe do coração, ocupadas no burburinho do dia a dia, sem grande tempo para recordações. Mas não há hábito que vença este vazio que se instala quando vou lá a casa e dou com a avó sozinha, quando passeio pelo quintal e descubro vestígios de si (estarão lá ou estarão em ti?), quando se reúne a família e se festeja alguma data, quando revejo as fotografias do tempo em que fazia connosco o presépio, contava as suas histórias e anedotas, me levava a ver os cabritinhos bebés ou me deixava andar de carroça. Tanta coisa mudou...
Sinto a sua falta, avô. A minha mãe também, a avó então nem se fala! Eu bem as vejo às vezes a olhar para mim, quando faço um comentário mais trocista, com aquela cara de quem está a ver um bocadinho de si por detrás destes olhos tão iguais aos seus.
Penso muitas vezes que tenho pena de não ter tido a idade e a compreensão necessárias para me despedir de si. E sabe outra coisa que também me ocorre de vez em quando? Não sei se lhe disse alguma vez claramente, mas gosto muito, mesmo muito de si (eu sei...).

2 comments:

Anonymous said...

..como consigo partilhar estas conversas de avos pra neto.. como consigo partilhar a saudade.. e como custa acordar de um sonho onde estivemos novamente tão próximos..

Gostei mt do post.. nos últimos anos tenho sentido tantas vezes saudades.. e se o partir n me fez propriamente chorar.. a saudade cuida de o fazer..

Bjinhos*

Anonymous said...

Agora já sei que há um avô de olhos bonitos cumplice dos olhos esquisitos de uma neta...:)

Um beijinho